MARKETING DE INFLUÊNCIA E MINORIAS SOCIAIS

Marketing de Influência e as minorias sociais: onde as marcas podem e precisam melhorar?

A Dagaz Influencer traz um panorama sobre criadores de conteúdo que representam minorias e a relação de trabalho com as marcas e agências no Brasil.

A gente tem falado bastante por aqui das tendências do marketing de influência para o próximo ano, e a representatividade vem ganhando muita projeção.

Incluir criadores de conteúdo negros, gordos, LGBTQIA +, pessoas com deficiência nas campanhas tem sido uma das maiores e melhores estratégias para as marcas criarem conexões mais profundas com seu público.

Isso acontece porque os consumidores se vêem representados naquelas personalidades e passam a se sentir “abraçados” pelas marcas como potenciais clientes, apesar da estrutura social de exclusão.

Apesar disso, ser um criador de conteúdo que pertence a grupos de minorias não é tarefa fácil.

A realidade

Desde a falta de acesso a equipamentos e a boas conexões de internet até a falta de interesse das marcas em contratá-los fora de datas de conscientização.

Analisamos pesquisas realizadas no Brasil e no exterior, para entender e apresentar um panorama sobre as relações de criação e trabalho entre minorias, marcas, agências e bancos de influencers.

A pesquisa “Dados sobre creators trans no Brasil – 2021” encabeçada pela Mosaico, YouPix, Trans Empregos e Põe na Roda, mostra que mais de 95% dos criadores de conteúdo Trans se auto representam.

Dessa forma, quando as marcas se baseiam apenas em bancos e agências de influenciadores, essa parcela de criadores é excluída das campanhas.

A mesma pesquisa mostra que quase metade dos criadores trans não realizaram nenhum trabalho remunerado com as marcas no primeiro semestre deste ano.

Esse dado nos mostra outro ponto: as marcas priorizam os criadores trans apenas em datas específicas, em que a diversidade é a pauta.

Apenas quando convém?

No Mês do Orgulho LGBTQIA +, por exemplo, 36% dos criadores trans receberam alguma proposta de campanha com marcas.

Os criadores de conteúdo que participaram da pesquisa frisam a importância de as marcas os contatarem para outros jobs que não estejam diretamente ligados a pautas identitárias.

Miguel Filpi, do casting da Dagaz, por exemplo, fechou um trabalho com uma marca de preservativos, onde o assunto era a proteção e não a identidade de gênero do criador.

E esse gancho nos leva a outro assunto: a desigualdade racial entre criadores Trans. Quase metade dos criadores se autodeclaram pessoas brancas, contra pouco mais de 22% de criadores negros e 2,1% indígenas.

E a relação entre creators negros, independente de sua sexualidade e gênero, não é menos complicada.

A criadora de conteúdo Valerie Eguavoen disse à Glossy que se um creator negro se posiciona contra os maus tratos e discrepâncias que sofre em relação as agencias e marcas, muito provavelmente será ignorado e perderá contatos.

Ela entende que é preciso que um coletivo de criadores negros se posicione e cobre transparência quanto ao que as agencias e marcas desembolsam em remuneração para criadores negros e brancos com o mesmo alcance e métricas.

Outra reivindicação legítima dos criadores de conteúdo que representam as minorias é que eles também são responsáveis pelo crescimento de usuários nas plataformas.

Quando um criador de conteúdo de rede social x passa a produzir conteúdo também para a plataforma y, ele converte parte do seu público para esses outros ambientes virtuais.

Além do mais, a falta de minorias criando conteúdo também significa também que há espaços não explorados necessitando da presença desses grupos.

As plataformas prometem mudar

A desenvolvedora de parcerias de conteúdo do YouTube na América Latina, Bibiana Leite, afirmou que a plataforma oferece “abertura e capilaridade” aos criadores negros para se expressarem.

Na mesma propoção, esses criadores negros usam a plataforma para levar ao público informações sobre racismo e injustiça social, falando diretamente de suas experiências e vivências.

Bia Granja, uma das heads da YouPix, disse à Forbes que o racismo estrutural impacta no algoritmo das plataformas, reduzindo a visibilidade desses creators.

Esses fatos fizeram com que algumas plataformas se posicionassem e começassem a mudar suas políticas.

O Spotify lançou em 2020 o SondUp, programa de aceleração de carreira para podcasters oriundos de minorias sociais. Com capacitação e oferta de equipamentos para a execução dos produtos.

Já o Youtube separou 100 milhões de dólares para um fundo global de investimento em desenvolvimento de criadores.

A plataforma conta também com o YouTube Social Impact Lab que visa treinar organizações sociais sem fins lucrativos quanto às estratégias de crescimento no YouTube.

E você, o que pensa desse assunto? Onde as marcas e as agências podem melhorar para aumentar a presença das minorias em sua comunicação?