Os criadores de conteúdo são mesmo responsáveis pela distorção de imagem dos usuários de redes sociais?

Pesquisa britânica afirma que 35% dos usuários não conseguem reconhecer que imagens foram adulteradas.

Você se sente mal quando compara sua imagem real à sua imagem sob efeito dos filtros embelezadores do Instagram?

A preocupação com o bem estar e a saúde mental dos usuários de redes sociais diante das comparações geradas nas plataformas tomou proporções gigantescas.

Na Noruega, por exemplo, o Governo determinou em 2021 que criadores de conteúdo e demais personalidades sinalizem em seus conteúdos pagos quando a foto receber tratamento.

No Reino Unido, o órgão regulador de publicidade e propaganda também determinou o fim do uso de filtros em conteúdos publicitários para marcas de beleza.

Além disso, em 2020 após a repercussão da campanha #filterdrop, que buscava o fim do uso de filtros em campanhas publicitárias de produtos de beleza.

O Instagram se pronunciou.

A plataforma disse que permitia a existência de filtros que alteram o rosto, por uma questão de liberdade criativa.

Mas que, para limitar o acesso do público a esses filtros, que podem ser gatilhos para a baixa autoestima, não os recomenda em sua aba de busca por filtros.

O JAMA Facial Plastic Surgery, jornal britânico de medicina e cirurgia plástica, divulgou resultados de um estudo que revela que as pessoas não reconhecem imagens adulteradas em pelo menos 35% dos casos.

Numa postagem da YOUPIX no Instagram, onde a agência de pesquisa comenta o texto de Camila Yahn para o FFW, os seguidores estavam bem divididos entre os que se divertem e os que se sentem deprimidos ou enganados pelos filtros.

O comentário de um usuário chamou a atenção. Ele dizia que os filtros geram mais confiança aos usuários, aumentando a sua presença nas redes sociais. Ou seja, é justamente o objetivo de plataformas como o Instagram.

Certamente, pensando por essa ótica, até que faz sentido. Por exemplo, se o usuário seleciona um filtro e se sente bem, possivelmente ele vai sentir desejo de aparecer cada vez mais.

Com que frequência você aparecia nos Stories de “cara limpa”, antes do boom dos filtros?

Criadores de conteúdo devem ser responsáveis, sinalizando quando suas imagens receberam algum tipo de retoque, mas não devem ser culpabilizados pela dismorfia corporal das pessoas.

Além disso, o abuso da utilização de filtros nas redes sociais é um sintoma de uma sociedade extremamente obcecada com a aparência. Mais ainda do que a causa da distorção de imagem em si.

O mais incômodo desse assunto é perceber que uma parcela considerável dos usuários de redes sociais entendem a internet como um universo à parte, e não como parte da vida comum.

A comprovação disso é quando vemos pessoas usando termos como “vida real” e “vida virtual”. Quando é que teremos a dimensão de que o “virtual” é só mais um aspecto da nossa vida, e não uma fuga dela?

Em resumo, talvez quando esse entendimento for alcançado, o medo do metaverso se dissipe e essas discussões sobre filtros não sejam mais tão calorosas e polarizadas.