Diversidade: plataformas estão impulsionando negócios e creators sub-representados,

Enquanto algumas marcas se esquivam de se comprometerem com pautas sociais, plataformas estão injetando altas quantias para amplificar vozes femininas e negras

O Brasil, um país com cerca de 56% da população autodeclarada negra, é também um dos países com maiores índicies de discriminação e sub-representatividade racial.

Em fevereiro deste ano, pela primeira vez na história, uma mulher negra chegou à presidência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

A desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira é a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ocupar o cargo, no estado que soma apenas 1,9% de magistrados negros, segundo o CNJ.

Nogueira celebrou a conquista, reiterando seu apoio às mulheres e comunidades negras. “Sei que o Brasil é um país discriminatório e racista”

Há alguns quilômetros de distância, nos EUA, um dos maiores eventos esportivos do país, o Super Bowl, continua a chamar atenção do público pelos poucos esforços em investir em diversidade em seus anúncios.

Este é o segundo ano do compromisso da Madison Avenue em intensificar esforços por uma publicidade mais inclusiva e diversa.

Mas o que se viu foram marcas anunciando que apoiavam a iniciativa, mas esquivando-se em demonstrar como estavam se organizando para levar o projeto adiante.

De um lado, existem marcas que ainda têm medo de se comprometer com projetos de diversidade. De outro, temos iniciativas de plataformas digitais, buscando impulsionar marcas e criadores de conteúdo que pautam a justiça social.

Uma dessas iniciativas é o Elevates, do Pinterest, que vai impulsionar criadoras de conteúdo b2b e negócios gerenciados por mulheres.

YouTube Black Voices no Brasil

O programa, que existe desde 2020, chegou ao Brasil no final de janeiro deste ano. Com a seleção de 35 youtubers brasileiros, além de outros 100 creators de países como África do Sul, Quênia, Nigéria, Canadá, Reino Unido e EUA.

Em sua segunda fase, é um programa de incentivo à produção de conteúdos pautados pela justiça racial e a vivência de pessoas negras.

A plataforma de vídeos anunciou que vai injetar 100 milhões de dólares nos canais de 135 criadores de conteúdo. Além disso, vai oferecer assessoria administrativa e assistência na produção de conteúdos, de modo a elevar o alcance desses canais.

Em seu blog, o YouTube divulgou a lista dos 35 criadores de conteúdo que estão sendo contemplados pela iniciativa.

O que está rolando no Meta Platforms?

O Meta, dono do Facebook, Instagram e outras redes sociais, implementou um programa chamado Black Track, voltado à elevar a equidade racial das campanhas entre marcas e criadores de conteúdo dentro de suas plataformas.

A iniciativa do Meta tem por objetivo orientar as marcas que usam as redes sociais do grupo a perceberem a necessidade de amplificar vozes negras a todo momento, e não apenas em campanhas ocasionais.

“Que elas possam olhar para a inclusão racial de forma integrada ao acelerar talentos negros, capacitar, gerar empregabilidade e representatividade em anúncios, por exemplo”, disse a head de Connection Planning do Meta na America Latina, em entrevista à revista Exame.

Em termos de Brasil, onde mais da metade da população é negra e convive com a falta de oportunidades, o desemprego e o racismo estrutural, iniciativas como essas podem promover mudanças significativas, ao menos na publicidade no meio digital.