Precisamos falar sobre creators que compram seguidores! Além de ir contra as diretrizes das plataformas, a prática antiética gera desconforto nas marcas, na hora de buscar por parceiros

Se você jogar no Google “como conseguir seguidores no Instagram”, você pode se surpreender, se acha que vai encontrar dicas de como otimizar seus conteúdos para torná-los mais atrativos para o público.

O que encontramos é totalmente oposto a isso. Em vez de encontrar informação que podem te ajudar a profissionalizar sua produção de conteúdo, o que você vai receber é uma enxurrada de sugestões de sites e apps de automação.

Esses sites, aplicativos (e, pasmem, até agências!!!) prometem resultados milagrosos com o número de seguidores, views, envolvimento com conteúdos e tudo mais.

E, em troca, pedem um singelo pagamento, que varia entre 20 reais até valores que ultrapassam os 5 dígitos.

É o famoso “comprar seguidor”

Apesar de ir contra as diretrizes das plataformas fazer uso de processos de automação que substituam a ação humana, como curtir, comentar, seguir, visualizar, etc., essas ferramentas ainda atraem bastante interesse.

Para se ter ideia, no Brasil, 44% dos criadores de conteúdo usam ou já usaram algum tipo de automação enganosa para “bombar” a sua rede social.

E esse apreço por esse tipo de “estratégia” pode ser justificada pelo FOMO (medo de ficar de fora, ou estar perdendo algo), ou, em bom português, o famoso maria vai com as outras.

É simples: nós nos impressionamos facilmente com números, e acabamos seguindo algumas pessoas nas redes sociais simplesmente pelo fato de outras pessoas estarem fazendo o mesmo.

“Ah, Rapha, mas isso não faz mal a ninguém! Deixa a pessoa se enganar, comprando seguidores falsos pra lá.” Será mesmo? Vem comigo se aprofundar mais no assunto.

Ética, transparência e autossabotagem no marketing de influência

Comprar seguidores é só a ponta do iceberg. Você sabia que esses sites vendem até mesmo streaming de músicas no Spotify?!

Por pouco mais de 17 mil reais, é possível colocar uma música de um artista desconhecido, no top trends da plataforma.

Para quem compra views pode parecer vantajoso, uma vez que, “bombado” o conteúdo, ele terá chances de alcançar um número maior de pessoas reais. Mas é pura enganação!

Aqui, você peca ao não ser transparente com a sua comunidade, fazendo com que ela acredite nesse suposto sucesso, alavancado por automação.

Peca também no quesito ético, ao construir relações de trabalho com as marcas, enganando-as. Elas vão pagar pela campanha, baseado no seu suposto alcance, quando, na verdade, a maioria da sua audiência é composta por contas falsas.

Por último, mas não menos importante, você se prejudica e se auto sabota, uma vez que, com mais seguidores (falsos), menor é o seu engajamento.

De repente, você está preso num ciclo sem fim, onde você precisa agora comprar um engajamento que seja numericamente coerente com o tamanho da sua rede.

E é importante lembrar que, além de ir contra as diretrizes das plataformas, a pessoa que faz uso desse tipo de artimanha, pode ser punida com a diminuição do alcance e até mesmo perdendo a sua conta.

As marcas estão de olho

Além de todos os malefícios já apontados, essa prática de comprar seguidores, realizar sorteios, comprar views, comentários e afins, deixa as marcas inseguras.

As marcas esperam resultados na parceria com o criador de conteúdo, mas não obtém esse retorno, porque investiram em criadores cuja audiência é falsa.

Certamente, esse comportamento gera insegurança e ansiedade nas marcas. Resultando, muitas vezes, com que elas abandonem o marketing de influência, por entenderem que ele não dá resultado.

Mas algo bom vem surgindo disso: algumas marcas estão investindo cada vez mais em ferramentas e equipes especializadas,. Tudo para analisar se, de fato, a influência daquele criador é realmente autêntica.

Ou seja, o espaço para criadores de conteúdo com essas práticas enganosas está ficando cada vez mais estreito. E as marcas estão priorizando cada vez mais o profissionalismo, durante toda a jornada da campanha, desde a prospecção até a colheita dos resultados.