A quem interessa proibir os filtros nas redes sociais?

A discussão não deve ocorrer apenas dentro e contra o digital, mas sim sobre toda peça publicitária que lucra com padrões estéticos que adoecem as pessoas.

A questão do filtro está sendo desenrolada na Inglaterra há bastante tempo, não é uma pauta nova. Basicamente, é o próprio governo fazendo esse tipo de pressão, pautando a saúde mental, especialmente no digital.

O uso abusivo de filtros pode, de fato, gerar uma distorção de imagem tanto em quem os usa, como em quem é impactado por eles. Eu entendo a força das redes sociais sobre os usuários. Não à toa, a selfie transformou o modo de se fotografar na internet.

Pensa comigo! Se a gente vê que as pessoas estão cheias de filtros e edições e passamos a enxergar como bonito, cool, por consequência, a gente passa a entender que se não usamos  filtros e edições, deixamos de ser bonitos e cool, deixando de sermos vistos na internet.

Quem está na rede social quer ser visto, e se você não é visto, então passa a recorrer às adulterações de imagem e cirurgias, ou até adoecendo pelo impacto que as comparações entre o seu eu verdadeiro e o eu editado, e entre você e todo o restante da internet.

Não faz muito tempo, dados alarmantes sobre a Dismorfia do Snapchat chocaram o mundo. O número de especialistas em cirurgia plástica e saúde estética que afirmavam ter atendido pacientes que queriam ter o rosto parecido com o resultado de um filtro de rede social é preocupante.

Mas pressionar APENAS o digital resolve a questão?

É preciso olhar a Publicidade e Propaganda como um todo. Sabemos que essa questão com as redes sociais é real, e precisamos priorizar a saúde mental das pessoas.

Mas a discussão não deve ocorrer apenas dentro e contra o digital. É preciso levar a pauta para as TVs, as revistas, a toda peça publicitária que lucra com padrões estéticos que adoecem as pessoas.

Vamos a um exemplo?

A União Européia institucionaliza a propriedade intelectual dentro das redes sociais. Não se pode postar uma foto que apareça uma marca, porque isso estaria violando a propriedade de terceiros (da marca em questão).

Fizeram essa lei e jogaram para os países, para que daí a alguns anos fornecer respostas sobre isso. E a pressão foi gerada por grandes conglomerados de mídia.

Por outro lado, se você posta uma foto na internet e ela cai no Google, você sabe a quem essa foto pertence: Isso mesmo, ao Google. E ele pode usar a sua imagem como bem entende.

Mas a sua imagem e os direitos sobre ela pertencem à você, unicamente. Logo, as redes sociais deveriam rever os seus termos de uso nesse sentido.

O direito à propriedade intelectual e de imagem tem que ser respeitado, mas eu não vi isso ser praticado. Houve movimentação na época, mas não vejo isso atualmente.

A pressão é feita pelas grandes mídias, e impactam diretamente no indivíduo, quando na verdade deveria impactar também, e principalmente, na indústria.

Ficam alguns questionamentos no ar, sobre quem, de fato, está pressionando o governo britânico para aprovar a lei de imagem digital adulterada, quem se beneficiará com ela, e por que essa pressão está ocorrendo basicamente contra os influenciadores.