Criadores de conteúdos estão atuando na Netflix, como isso reflete no mercado?

O que é interessantíssimo para a carreira dos creators também demonstra um descontentamento dos atores com a indústria

Você sabe o que Emily Cooper (de Emily in Paris) e Kat Edison (de The Bold Type) tem em comum? Ambas as personagens de séries dos streamings são influenciadoras digitais.

A força dos criadores de conteúdo ao redor do mundo é tanta que suas histórias vem servindo, parcial ou totalmente, de inspiração para personagens de séries, novelas e filmes.

Segundo o professor de Teorias da Comunicação da Universidade Mackenzie, José Maurício Conrado, o status da profissão de criador de conteúdo digital está se equiparando ao de jogador de futebol.

Se tornar influenciador nas redes sociais pode ser a chance de virada de chave na vida de pessoas de diferentes origens, independentemente do seu tipo de conteúdo.

Agora, voltando para as séries nas plataformas de streaming, o que elas têm, de fato, a ver com o mundo real?

Vai ter creator nos streamings sim!

Há algum tempo eu havia mencionado a importância de creators se profissionalizarem e ocuparem novos espaços de mídia, como as plataformas de streaming.

Pois bem, parece que a chance chegou. O mercado de streamings, como também a TV aberta, estão entendendo a força que os creators possuem e os estão levando para dentro de suas produções.

Há mais ou menos um mês a Netflix anunciou que está produzindo uma série com a criadora de conteúdo, jornalista e atriz Ademara. E o melhor é que a personagem de Ademara vai interpretar justamente uma influenciadora em início de carreira.

Além do BBB, que há algumas edições, vem tentando emplacar webcelebridades em seu elenco, os influenciadores ex-bbbs também estão aparecendo na telinha, mesmo após o programa.

Apesar de toda a revolta com o anúncio de que Jade Picon vai estrelar uma novela de Glória Perez no horário nobre, essa não é a primeira vez que uma ex-bbb vira atriz, mesmo sem experiência prévia na área.

Grazi Massafera e Juliana Alves também saíram do reality e, em seguida, constaram no casting de várias novelas ao longo da carreira.

Mas todo ator precisa ser influenciador?

O que por um lado é interessantíssimo para a carreira dos influenciadores, por outro demonstra um descontentamento dos atores e atrizes com a indústria.

Isso porque em diversas seletivas para casting de comerciais, séries, filmes, novelas e afins, muitas produtoras estão priorizando o número de seguidores em redes sociais que os candidatos têm, muito mais do que sua performance nos palcos.

São várias as denúncias feitas pelos artistas, onde o recrutamento de novos talentos exigia entre 5 e dez mil seguidores, no mínimo.

Vale lembrar que esses números de seguidores, que deslumbram tanta gente, não são (ou não deviam ser) prioridade nem mesmo dentro do marketing de influência.

Falamos sobre isso dezenas de vezes, mas é sempre válido reforçar, enquanto não há, de fato, uma mudança cultural a respeito do assunto.

Os números de seguidores não são capazes de representar o poder de influência de um criador de conteúdo, bem como o nível de conexão que ele tem com seu público, e menos ainda a autoridade dela sobre determinado assunto.

Há muito espaço para todos, atores e criadores de conteúdo, brilharem dentro e fora das redes sociais. Mas é necessário que as decisões sejam tomadas a partir das estratégias corretas.

Os influenciadores digitais não são a salvação da TV aberta, nem os atores mais bombados das redes sociais representam a melhor atuação para o papel.