Automatização do Marketing de Influência é o caminho para o futuro, e onde ficam a autenticidade, a criatividade, a liberdade e o endosso do criador de conteúdo nesse processo?

Você já ouviu falar em automatização do marketing de influência?

A ideia é boa: usar algoritmos para trabalhar para você. Eles buscam por perfis com as melhores performances, analisam o desempenho de cada formato de conteúdo, até te ajudam a precificar a campanha com o criador.

Parece incrível, não é mesmo? Colocar nas mãos de sistemas todo o trabalho duro de filtrar os melhores influenciadores e fazer toda a curadoria de uma campanha, visando os melhores resultados.

A proposta seria realizar o mapeamento de criadores, o envio de propostas, o processo de aprovações e a análise de dados através da automatização.

Na prática

A marca conseguiria ter acesso a muito mais criadores, e dialogar com um número muito maior de audiência, do que se o processo fosse feito integralmente através do trabalho humano.

Existem muitas plataformas que tentam criar essa automação para contratação de criadores, mas todas elas esbarraram na questão da contratação do conteúdo.

Acontece que o valor – e digo valor, não preço –  do conteúdo, quando rastreado por ferramentas automatizadas, reside somente na mídia que ele gera.

A preciosidade da informação e o endosso do criador de conteúdo não são considerados pela ferramenta, uma vez que esses detalhes requerem atenção humana para validá-los.

Pode ser percebido no mercado uma vontade de automatizar 100% do processo, quando na verdade, só é possível aplicar em partes do todo.

Por exemplo

A marca x busca por um criador de conteúdo para executar uma campanha com objetivo y. A ferramenta consegue encontrar esse creator, baseado em suas análises e objetivos pré definidos pela marca. A marca, por sua vez, elabora o briefing a partir de suas necessidades.

Mas, algumas empresas do setor estão tentando aplicar o método de modo a selecionar, através das ferramentas, os conteúdos que tiveram alcance e remunerar apenas aqueles com melhor desempenho.

É mais uma das várias ferramentas que tenho trazido para a discussão, que contribuem para o sucateamento de um mercado que ainda é tão jovem.

Em termos práticos, não é efetivo deixar que um algoritmo decida por você e pelo criador de conteúdo qual é o melhor método, qual é o melhor formato, qual a melhor comunicação para atingir os objetivos da campanha.

Um conteúdo, antes de chegar à rede social, passa pela pesquisa, pelo acesso à informação, pelo processo criativo, e esses são atributos humanos. Não é viável automatizá-los.

Desse modo, o sistema adotado pela marca impede o creator de pensar o conteúdo, de se colocar naquela criação. Sua autenticidade, sua criatividade, sua credibilidade e liberdade não são substituíveis por sugestões algorítmicas.

Creators

Os criadores de conteúdo são especialistas em criar conexões, fazendo ponte entre marca e consumidor, que as marcas muitas vezes não conseguem ultrapassar sozinhas.

Com a automação, a construção de marca, o branding, se torna impossível de controlar. E mesmo a conexão entre marca e creator, para impactar de forma positiva a audiência, fica sem critério e corre o risco de não dizer de fato a que veio.

Com uma campanha totalmente engessada, gerida por um programa, quanto de branding uma marca ganha? Sem um diálogo humano entre quem faz a marca e o creator, não é possível entender de que modo esse conteúdo vai impactar o público. Se é que, de fato, vai.

Então, sim, é possível automatizar algumas etapas da contratação dos creators. A automatização não é de todo horrorosa, só não é praticável do modo como temos visto tentarem aplicar.

A automatização de relacionamentos foge completamente das estratégias de trabalho do marketing de influência. Lembre-se que ele vem para ajudar a gerar conexão entre pessoas? Então…

Aqui, tão importante quando a mídia gerada, estão o endosso, o conteúdo, os relacionamentos e conexões geradas, e a exclusividade que se obtém quando um criador fala diretamente com sua comunidade.

A automação massifica a mensagem, e deixa de direcioná-la ao público certo.